quarta-feira, 12 de março de 2014

AMA Torres del Paine - Voluntariado na Patagônia Chilena


Agrupación MedioAmbiental Torres del Paine
Voluntariado na Patagônia Chilena

    O grupo de voluntários do AMA tem acampamento no Parque Nacional Torres del Paine que por sua vez fica localizado no sul do Chile na Patagônia.


    Desembarquei no aeroporto de Punta Arenas (Aeroporto Internacional Carlos Ibañes del Campo) e depois fui de ônibus até Parque Torres del Paine.  O deslocamento por terra de Punta Arenas até o Parque dura aproximadamente 4 horas.


    Existem dois programas de voluntariado: o Condor com duração de 15 dias e o Puma com duração de 30 dias.  Os dois programas são pagos para que o grupo AMA, que é uma organização não governamental, possa manter o projeto de ajuda e conservação do Parque Nacional Torrres del Paine.  Apesar de ser um programa pago, o valor não é tão alto e pode ser conferido no manual da própria página do AMA.   O link está no final desta matéria.

    O grupo de voluntários do AMA não tem atuação em todo o parque, tarefa esta do CONAF (Corporación Nacional Florestal) que é um órgão do governo Chileno.  A atuação dos voluntários se restringe a trechos que vão do acampamento e refúgio Los Cuernos, passando pelo acampamento e refúgio Las Torres, refúgio Chileno e termina no acampamento Seron.  Estes pontos fazem parte do circuito chamado "W" que será tema da próxima matéria que escreverei.  Os acampamentos e refúgios que mencionei podem ser localizados no mapa abaixo.



    Depois de uma viagem por terra, no ônibus do hotel Las Torres, de aproximadamente 4h desde Punta Arenas até Torres de Paine cheguei no acampamento do AMA.  O ônibus é gratuito para os voluntários.

    O dia estava muito bonito e as três torres que dão nome ao parque estavam totalmente visíveis.   Quando vi as torres pela janela do ônibus pedi a Deus que o acampamento fosse perto daquela paisagem de tirar o fôlego. As sete fotos abaixo foram tiradas de dentro do ônibus a medida que me aproximada do destino.








    Quando cheguei no acampamento agradeci a Deus porque havia escutado meu pedido.  O acampamento dos voluntários proporcionava uma visão privilegiada das Torres.


    Abaixo o primeiro grupo de voluntários de 2014 do qual eu fazia parte.  Neste grupo haviam duas francesas, um alemão, três norte americanos e nas semanas seguintes chegaram mais voluntários da França, Alemanha, Espanha, Polônia e um conterrâneo, um catarinense.


Abaixo duas fotos do hotel Las Torres que fica próximo ao acampamento do grupo AMA.


   
 Nas três fotos abaixo imagens que víamos todos os dias do nosso acampamento ao acordar, ao entardecer e ao anoitecer, era uma beleza.  Não cansávamos de de apreciar a paisagem pois todos os dias ela se mostrava de uma forma diferente.  Os dias eram longos pois naquela região anoitecia por volta das 23:30h.





    Como voluntários desempenhávamos atividades ligadas a preservação e conscientização na utilização do parque, ou seja, relacionadas ao ecoturismo na região.  Várias outras ações e idéias sempre são bem vindas e bem recebidas pela equipe coordenadora do grupo AMA.  Um projeto piloto de aulas de inglês para os trabalhadores do hotel foi iniciado pelo grupo que fazia parte.  As aulas eram dadas por uma voluntária norte americana e os outros voluntários, quando podiam, participavam das aulas para ajudar os alunos menos experientes durante as atividades de conversação.  Foi uma experiência divertida para mim e ao mesmo tempo muito rica, pois imagine a professora de inglês te ensinando o que significa a expressão "Nice to meet you".  Aposto que você logo pensou na tradução em português certo? sim, porém estavamos no Chile, então a tradução era dada em espanhol, "Mucho gusto en conocerte", no caso.  Por este motivo as aulas eram muito ricas culturalmente e divertidas.  Uma salada linguística muito interessante.

    Fabricávamos placas de sinalização para os mochileiros se orientarem durante a caminhada pelo circuito W.  Participávamos de todo o processo, desde o tratamento da madeira que iria servir para elaborar a placa, da escrita, pintura até sua colocação em pontos estratégicos, bem como a manutenção de algumas já fixadas em tais pontos.
 








    As placas de sinalização eram fabricadas em uma pequena oficina chamada Bodega.  Nas duas fotos abaixo imagens de voluntários na oficina durante o processo de elaboração das placas de sinalização.



Na foto abaixo mostro um mural feito com rolhas ainda não terminado.  Gostei da ideia e postei a foto pra compartilhar com vocês.


Durante o tempo de voluntariado dormimos em uma habitação chamada de Domo (foto abaixo).


    Existiam dois domos no acampamento, o da esquerda era o dormitório com 5 beliches e o da direita era utilizado como espaço de oficina para desempenhar atividades mais leves que não necessitavam do espaço da Bodega e também para possíveis reuniões.


    Abaixo uma panorâmica do interior do domo onde ficam os beliches... não reparem a bagunça.


    Também desempenhamos atividades de manutenção das trilhas para os mochileiros e para os cavalos.  A atividade se resumia e retirar alguma pedra que pudesse machucar os cavalos, recolher o lixo (que quase não existia - nota 10 para os trilheiros), identificar zonas de reflorestamento e pontos críticos, para a orientação dos mochileiros, que necessitassem de placas de sinalização ou advertência.  Isso tudo servia como uma introdução para quem fosse depois realizar o circuito completo de caminhada ao redor das Torres, pois passamos a conhecer detalhes do Parque que só podiam ser percebidos por quem caminhava muito pela região.  Também conversávamos com os locais durante as refeições no Hotel ou então nos refúgios e pegávamos dicas valiosas sobre a região.

    Abaixo foto de trabalho sendo realizado em uma das trilhas entre os acampamentos Los Cuernos e Las Torres. 


Caminhávamos muito porque nada era perto e por vezes, quando necessitávamos levar ferramentas ou placas para atividades em campo, íamos a cavalo para diminuir o tempo de caminhada.  Utilizávamos os cavalos do Hotel, que também eram os mesmo utilizados pelos turistas que faziam cavalgadas guiadas pela região.



    Um ou dois gaúchos (como são chamados os homens do campo naquela região) sempre nos acompanhavam e puxavam os cavalos de carga.  O terreno nem sempre era fácil, mesmo para os cavalos, e algumas vezes passamos por situações perigosas durante a travessia de rios, pois as pedras eram uma armadilha para os cavalos e eles podiam cair, como aconteceu durante uma de nossas cavalgadas.  Eu estava atrás de dois cavalos de carga que estavam sendo puxados pelo gaúcho.  durante a travessia de um rio um dos cavalos de carga escorregou e caiu.  Isso fez com que os outros cavalos se assustassem, inclusive o meu, foi quando o segundo cavalo de carga, que estava na minha frente, também caiu.  O meu cavalo começou a andar para trás - sem problemas se o rio fosse um pouco plano, porém era bem desnivelado e algumas partes pareciam ter grandes degraus.   Mantive a calma e tentei manter a rédia para que ele não continuasse porque os próximos dois passos para trás fariam ele cair no degrau e só Deus sabe como seria essa queda, mas consegui parar o bicho e tudo foi se resolvendo.  Dos dois cavalos que escorregaram nas pedras e caíram apenas um deles sofreu um leve arranhão e nada de mais grave.










Na foto abaixo parada para o lanche e para apreciar o lago Nordenskjold através da janela do meu escritório durante o voluntariado.



Abaixo uma reunião de planejamento na sala de reuniões também em frente ao lago Nordenskjold.  




A vista da sala de reuniões



Durante o trabalho em campo encontrávamos alguns mochileiros ou alguns turistas que faziam passeios a cavalo também guiados pelos gaúchos do hotel Las Torres.





Abaixo foto do grupo na manhã que fizemos uma expedição até a base das Torres pera verificar as condições da trilha e fazer um levantamento da necessidade de placas de orientação.


Subida nada fácil.




Depois de uma subida difícil, com muita pedra e rajadas de vento inesperadas, chegamos na base das Torres del Paine que fica a aproximadamente 900m de altitude.







A descida é tão cansativa e perigosa quanto a subida, principalmente nos trechos com pedras que podem rolar.



    A experiência como voluntário do AMA em Torres del Paine foi muito completa pois me proporcionou conhecer pessoas dispostas a ajudar o planeta e também a ajudar outras pessoas, não importando sua origem, classe social, crenças e cultura.

   Além da experiência humanística, consegui reunir conhecimento relacionados com um ecoturismo responsável, consciente e seguro e sustentável.


Abaixo os links do grupo AMA e também da guarda florestal do parque:

http://www.amatorresdelpaine.org/

http://www.conaf.cl/








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